O dia da minha morte - Escrito por lico

Medo? Eu sinto. Porém, naquele dia, foi tão grande, que não sei como pude aguentar. Dia 21 de agosto de 2008, nunca me esqueci desse dia. 

Eu era uma pessoa triste, deprimida, que por qualquer motivo, pensava em se matar. Por diversas vezes cortei meus pulsos.

Meus pais? Minha mãe morreu quando eu tinha 7 anos de idade, ela foi atropelada. Meu pai está preso por homicídio. Minha família? Era cada um para o seu lado. Eu? Era sozinho no mundo. Eu tinha a impressão que ninguém me amava, acho que é por isso que eu era triste. 

Dia 21 de agosto, foi a última vez que tentei me suicidar (ao todo, tentei me suicidar 8 vezes). Fumei um cigarro. Peguei uma lâmina, coloquei encima da mesa. Dissolvi uma cartela inteira de anti-depressivos em um copo e bebi. Rapidamente cortei os dois pulsos. E fiquei lá, sangrando, morrendo. Do nada, tudo escureceu. Me senti em um pesadelo. Abri meus olhos, e não enxergava nada, somente uma escuridão. Me levantei lentamente, com medo de cair em algum lugar. Ao me levantar, “acenderam as luzes” e pude enxergar novamente. Quando me dei conta, estava em um lugar repleto de cadáveres, corpos em decomposição, sangue, e dor. Fiquei apavorado, não sabia se corria, se gritava, ou se tentava me matar. Olhei para os meus pulsos, estavam cicatrizados. Foi aí que perguntei pra mim mesmo: “Eu morri? Isso aqui é o lugar que eu vou ter que passar o resto da minha vida… ou morte?”. Virei-me e senti uma mão passando pelo meu pescoço, dei um grito. Quando olhei pra trás, vi uma massa cinzenta, que dizia repetidamente “Era isso que você queria?”. Então gritei “Não! Eu queria ir para um lugar lindo, onde só há felicidade, harmonia e paz! Tire-me daqui! Por favor!”. Essa massa cinzenta respondeu: “Você acha que os suicidas vão para o paraíso? Eles vão para lugares horríveis, como esse aqui.”. Comecei a chorar. Sentei-me no chão, e fiquei ali.

Alguns minutos depois, disse que queria mais uma chance, e que nessa chance faria tudo diferente. “Aquilo” disse: “Mais uma chance? Quem você acha que te deu 8 chances de fazer diferente? Eu!”. Implorei mais uma chance, e “aquilo” disse que poderia me dar essa chance, só que com uma condição… Então, sem ouvir essa condição eu disse: “Sim, eu aceito essa chance independente de qual seja essa condição!”. 

Abri meus olhos e estava em uma sala de hospital. Estava bem, porém me sentia diferente, sentia como se algo estivesse faltando em mim.

Ao acordar, o médico disse que eu havia sido vítima de um atropelamento — quando ele disse isso eu pensei: “Será que “aquilo” fez isso? Sem dúvida!" — e que devido ao acidente, minhas pernas foram amputadas. No momento em que ouvi a notícia que minhas pernas foram amputadas, gritei: "Não! Essa era a condição?”. Fiquei arrasado.

Dois dias depois tive alta. Estava superando o fato de não poder mais andar.

Hoje em dia, sou uma pessoa feliz, que convive com a família. Sou casado e tenho 2 filhos, uma menina de 5 anos chamada Fernanda e um menino de 8 meses chamado Lucas. 

Nunca mais tentei me suicidar, encontrei a felicidade na minha família, na minha mulher e nos meus filhos.

Quando eu morri, eu aprendi que a vida não é um conto de fadas, ela é cruel por diversas vezes, mas devemos aprender e nos tornar uma pessoa melhor.
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